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domingo, 31 de maio de 2015

Inspetora que prendeu vários chefões do tráfico dispara contra a Polícia Civil por estar na ‘geladeira’

No passado, ela foi responsável por coordenar as investigações que culminaram na prisão de boa parte dos chefões do tráfico de drogas no Rio. Agora, nas palavras da própria, “só carimba papel”. Afastada das ruas pela Polícia Civil por conta de um processo administrativo iniciado em 2007, até hoje não concluído, a inspetora Marina Maggessi não esconde a mágoa.
— Já são oito anos! Quem deveria arquivar ou proceder com uma punição não faz nada, está engavetado. Só que, pela lei, um processo como esse teria no máximo cinco anos para ser concluído — critica.
O procedimento administrativo corre na Corregedoria Geral Unificada (CGU) e trata de uma ligação gravada entre dois policiais, um deles suspeito de envolvimento com o jogo do bicho. Esse agente, num dado momento, diz que conseguiu 30 votos para Marina, então candidata a deputada federal — ela licenciou-se da corporação entre 2006 e 2010 para exercer o cargo. No entender do Ministério Público, essa fala significaria, na verdade, um repasse de R$ 30 mil.
— Até o delegado da Polícia Federal responsável pelo caso afirmou que eu nunca fui investigada, que não concordava com aquela leitura. Tanto que jamais respondi criminalmente — diz Marina, acrescentando: — Moro de aluguel com mãe, irmã, sobrinho e cunhado. Nem carro eu tenho.
Este mês, Marina completou 25 anos de Polícia Civil. A maior parte deles foi trabalhando com a mesma equipe, formada por dez policiais, ao lado da qual conseguiu pôr atrás das grades criminosos como Elias Maluco e Uê. Na visão da inspetora, é justamente a repercussão de seu trabalho que ocasiona a situação atual:
— Sabe aquele rap das armas, o “aqui não tem mole, nem pra DRE” (sigla da já extinta Delegacia de Repressão a Entorpecentes, onde foi lotada)? Aquilo, pra mim, era um orgulho enorme. Abrir o “Tropa de Elite”, imagine! Acho que isso gera muita inveja.
Na Câmara, primeira chefe de comissão
Na Câmara de Deputados, Marina Maggessi foi a primeira mulher a presidir a Comissão de Segurança Pública da Casa — antes, ela já havia alcançado feito semelhante ao chefiar o setor de Inteligência da Polícia Civil. A inspetora, porém, não tem saudades do curto período em que se envolveu com a política:
— Me arrependo muito, muito mesmo. Saí de lá doente. Era muita inércia.
O futuro da agente, portanto, está diretamente ligado à carreira na polícia. Talvez, contudo, o plano não se concretize com o tão sonhado retorno às investigações.
— Burocraticamente, minha aposentadoria está pronta. Não queria isso agora, mas e se não tiver jeito? Só fico se puder voltar a fazer o que eu mais sei e gosto — lamenta.
Procurada, a Polícia Civil informou que Marina Maggessi encontra-se, por “conveniência disciplinar”, lotada na Seção de Pessoal em Situações Diversas (SPSD) — nome oficial da chamada “geladeira” da corporação. Atualmente, ela presta serviço administrativo para a 39ª DP (Pavuna).
A Polícia Civil enumerou ainda os afastamentos pedidos pela própria agente: “para pleito eleitoral em 2006, para cumprir mandato eleitoral em 2007 e para pleito eleitoral em 2012”, quando tentou, sem sucesso, eleger-se vereadora.
ATRÁS DAS GRADES
‘25 ou mais’
Foram tantos chefões do tráfico presos que Marina Maggessi até perdeu as contas. “Dos anos 90 pra cá, uns 25 ou mais”, arrisca ela. “E estou falando só dos grandes”.
Uê: preso no Ceará
Um de seus alvos foi Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, fundador de uma das maiores facções criminosas do Rio. Ele foi preso num hotel de luxo de Fortaleza, no Ceará, em 1996.
Assassino de Tim Lopes
Depois de anos comandando a venda de drogas nos complexos do Alemão e da Penha, Elias Pereira da Silva viu a carreira no crime ser interrompida em virtude dos três meses de investigações feitas pela equipe da inspetora. Elias Maluco, assassino do jornalista Tim Lopes, foi preso em 2002


Fonte: extra.globo.

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