Na mira da PF: João Santana, Luis Cláudio Lula da
Silva, Instituto Lula, Bumlai, Teixeira, Gabrielli...
Fui acertar uma ida a São Paulo nesta semana, mas recupero o tempo perdido com um resumão:
I. O pacto nada virtuoso
Lula e sua turma estabeleceram com aliados de Renan Calheiros e de Eduardo Cunha um “pacto nada virtuoso” para barrar investigações, como apurou o Estadão.
Os presidentes do Senado e da Câmara estão entre os 20 parlamentares investigados pela Lava Jato.
O pacto dos três golpistas já conseguiu:
1) Derrubar, na CPI do Senado que investiga irregularidades no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), os requerimentos de convocação para depoimento do filho caçula de Lula, Luis Cláudio, e dos ex-ministros Gilberto Carvalho e Erenice Guerra.
2) Barrar, na CPI do BNDES, a convocação do ex-ministro e homem de R$ 216 milhões Antonio Palocci, que teria de explicar melhor a consultoria prestada a empresas que firmaram contratos com o banco de fomento.
Os aliados de Cunha facilitaram essa manobra, enquanto Lula, para salvar a própria pele e evitar o impeachment de Dilma Rousseff, poupa o presidente da Câmara de ter os petistas em seus calcanhares.
“Não temo ser preso porque duvido que alguém nesse país (possa dizer que) teve comigo uma conversa ilícita”, bravateou Lula em entrevista ao SBT.
Como conclui, com ironia, o editorial do Estadão desta segunda:
“Está aí a revelação de mais uma afinidade entre Lula e seu parceiro Eduardo Cunha: jamais passou algo ilícito pela cabeça de qualquer um dos dois.”
II. A turma de Lula na mira da Polícia Federal
As investigações contra a turma de Lula, no entanto, aumentam cada vez mais.
1) João Santana
Na sexta-feira, a VEJA noticiou que a Lava Jato investiga o esquema do marqueteiro no exterior.
Há indícios de que dinheiro do petrolão foi usado para pagar, lá fora, despesas de campanhas do PT.
2) Luis Cláudio, filho de Lula
No domingo, a VEJA noticiou o que este blog havia mostrado: que o filho caçula de Lula não convenceu os policiais em seu depoimento.
Em nenhum dos clubes de futebol por onde passou ele desempenhou atividade que pudesse ser útil aos projetos que diz ter desenvolvido para a empresa de lobby Marcondes & Mautoni, hoje sob investigação da PF por envolvimento em compra de medidas provisórias nos governos Lula e Dilma.
O lobista preso Mauro Marcondes chegou a oferecer serviços de intermediação no governo para três entidades, ligadas aos segmentos de autopeças, máquinas e pneus.
3) Instituto Lula & Odebrecht
No domingo, O Globo noticiou que o companheiro de viagens de Lula e ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, Alexandrino Alencar, discutia diretamente com o assessor de imprensa do Instituto Lula como reagir a reportagens sobre a relação do petista com a empreiteira.
“Eu iria, com sangue frio e elegância, na jugular da matéria – título e lead, e desdobrando as mentiras dela”, escreveu o assessor de Lula em uma das mensagens.
“Tem que ter reação muito forte e dura. Muito”, reforçou em outra.
“Vai ter”, respondeu Alexandrino.
4) José Carlos Bumlai
Nesta segunda, O Globo noticia que o chefinho de Lula, Marcelo Odebrecht, teve sete encontros reservados, entre 2010 e 2013, com o empresário e pecuarista José Carlos Bumlai, amigão do Lula, de acordo com a agenda do celular de Marcelo mapeada pela Polícia Federal.
5) Roberto Teixeira
No domingo, O Antagonista noticiou que o escritório de advocacia de Roberto Teixeira, compadre de Lula, encabeça uma lista de 28 empresas de assessoria e consultoria consideradas, pela Polícia Federal, as maiores beneficiárias de pagamentos da Odebrecht, entre 2008 e 2014.
Roberto Teixeira cedeu uma casa a Lula por nove anos e também uma chácara em Monte Alegre do Sul, onde Lula passava os fins de semana antes de adquirir sua própria fazenda, em Atibaia.
Em 1997, o petista Paulo de Tarso Venceslau disse que Lula e José Dirceu comandavam a “banda podre” do partido, e que favoreciam negócios de Teixeira junto a prefeituras do PT.
Teixeira foi então acusado de “grave falta ética” por uma comissão do PT composta por Hélio Bicudo, Paul Singer e José Eduardo Cardozo – motivo pelo qual Lula não gostaria, desde então, de Cardozo.
“Chegamos a uma conclusão. Disseram que o presidente não gostou da conclusão. Nunca me falou. Apenas soube e até hoje se especula que ele teria críticas a mim”, disse Cardozo à Folha nesta segunda.
Seja adversário, seja petista, Lula não gosta de quem sabe quem ele é.
6) José Sergio Gabrielli
Nesta segunda, o Valor noticia que a Lava Jato “reuniu indícios de que pagamentos feitos pela Petrobras à agência de publicidade Muranno – suspeita de ter sido usada para lavagem de dinheiro – foram autorizados pelo ex-presidente da petrolífera, José Sergio Gabrielli”.
A Muranno recebeu cerca de R$ 6 milhões de Alberto Youssef entre 2010 e 2011. O doleiro havia ditoque o dono da Muranno ameaçou revelar o esquema do petrolão caso não lhe pagassem R$ 7 milhões.
Segundo Youssef, o valor pago à agência foi uma ordem de Gabrielli, que teria sido acionado por Lula.
Em outras palavras: Lula, ao tomar conhecimento da ameaça, teria mandado Gabrielli usar a propina das empreiteiras para calar o dono da Muranno.
III. Enquanto isso, a oposição…
No domingo, o editorial do Estadão resumiu “o sono da oposição“:
“Em sua modorra, os partidos de oposição parecem preferir o papel de coadjuvantes. Simplesmente compõem a cena: calados, quietos, bem comportados, esperando que surja um vácuo de poder para, talvez aí, acordarem de sua letargia. Ora, isso é ignorar as regras básicas da política, que não premia – é cristalino o exemplo de Eduardo Cunha – os preguiçosos. Política exige trabalho. Exige risco. Exige compromisso.”
Nesta segunda, a Folha noticia que aliados de Cunha “querem convencê-lo a dar sinais mais claros de que vai abrir o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Para o grupo, essa expectativa poderia reverter votos de oposicionistas que hoje estão contra Cunha no Conselho de Ética.
A esperança esbarra na percepção de parte da oposição de que Cunha e o Planalto fecharam um acordo para tocar os pedidos de impeachment em banho-maria”.
Sim: Cunha busca apoio dos dois lados para não cair – e oposição fica perdida, sem saber o que fazer.
IV. O que sobrou?
Como o impeachment depende de Cunha; a cassação de Dilma e Michel Temer depende da relatoria de Maria Thereza de Assis, a quem Dias Toffoli devolveu o processo; e a Operação Zelotes perdeu a juíza substituta Célia Regina que encurralou o filho de Lula, o Brasil depende cada vez mais da Lava Jato.
Contra o pacto dos golpistas, nós, cidadãos brasileiros, incluindo os caminhoneiros que param as estradas pedindo a saída de Dilma, temos de reforçar o nosso pacto virtuoso em favor de Sérgio Moro.
Avante, senhor juiz!
Felipe Moura Brasil ⎯ http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil.
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