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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Pixuleco rastreia 33 ligações de lobista-delator para sede do PT

Milton Pascowitch, pivô da prisão de José Dirceu no 17.º capítulo da Lava Jato, e João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do partido do governo, se comunicaram 465 vezes entre 2010 e 2014

AE
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A Operação Pixuleco, capítulo da Lava Jato que pegou José Dirceu, descobriu 33 registros de ligações telefônicas realizadas para a sede nacional do PT, em São Paulo, de um número de celular usado pelo lobista Milton Pascowitch, pivô da prisão do ex-ministro-chefe da Casa Civil no governo Lula.

A Polícia Federal não quebrou o sigilo de comunicações, nem espreitou a sede do partido do governo, mas descobriu o uso do telefone do principal endereço da agremiação rastreando os contatos de Pascowitch e do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto –  prisioneiro da Lava Jato por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro ilícito do esquema de corrupção montado na Petrobrás entre 2004 e 2014.

As chamadas começam em 29 de junho de 2010 e vão até 1.º de dezembro de 2014 – quando a Lava Jato já havia deflagrado sua fase ostensiva havia nove meses e levado para a prisão os maiores empreiteiros do País na ofensiva histórica.

Pascowitch declarou à força-tarefa da Lava Jato que pagou R$ 10 milhões em dinheiro vivo na sede do PT, situada à Rua Silveira Martins, Sé, no coração da metrópole.

Ele disse que os recursos eram levados a Vaccari.

Outro delator da Lava Jato, o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, disse à Procuradoria-Geral da República que Vaccari se referia à propina como “pixuleco”.

A malha fina da PF e do Ministério Público Federal revela um total de 465 contatos entre o lobista que pôs Dirceu na cadeia e Vaccari Neto – dos quais, 251 por chamadas telefônicas e 214 por SMS, de junho de 2010 a 23 de outubro de 2014. As ligações para a sede do PT abrangem aquele outro período.

Em sua delação, Pascowitch afirmou que se utilizava dos valores retirados em espécie junto às empresas Hope e Personal “para pagar as parcelas que repassava a João Vaccari igualmente em espécie, objeto do contrato simulado com a Consist Software, bem como repasses oriundos da Engevix”.

A análise das linhas telefônicas utilizadas pelo lobista-delator evidencia, segundo a PF, que em dezenas de ocasiões em que o delator se comunicou com um dos executivos da Hope, Raul Ramirez, logo em seguida fazia contato “diretamente com João Vaccari”.

O mesmo procedimento foi identificado entre Pascowitch e Arthur Edmundo Alves Costa, representante da Personal Services, e Vaccari, “incluindo a linha instalada na sede do Partido dos Trabalhadores, em SP”.

À página 94 do relatório de 126 submetido à Justiça Federal a Polícia Federal faz um organograma que mostra a sequência de ligações dos alvos da Pixuleco e inclui a sede nacional do PT.

“Merece reflexão o motivo pelo qual João Vaccari mantivesse contato tão próximo e rotineiro com uma pessoa que tinha como função intermediar pagamento de vantagens ilícitas no âmbito da Petrobrás”, alerta o delegado Márcio Adriano Anselmo, que integra a força-tarefa da mais explosiva investigação já encetada contra a corrupção no País.
Matéria: Revista Isto é. 

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