última modificação 27/09/2018 16h18.
Quinta-feira,
27 de setembro de 2018. Todos os anos, a data que celebra o Dia Mundial
do turismo nos provoca a uma reflexão sobre a real evolução e o
tratamento que o setor recebe no Brasil. A cada ano podemos ser
otimistas e legitimar o avanço dos números e do consequente impacto
positivo que a atividade gera na vida da população de nosso país.
Entretanto, devemos ter a altivezde reconhecer que essa curva ascendente
está muito aquém de nossas possibilidades.
O
Brasil, como destino turístico, tem potencial e motivos para se
orgulhar e vislumbrar o desenvolvimento de sua economia por meio do
turismo. Segundo o Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupa a primeira
colocação no ranking entre os países com maior potencial natural. A
conceituada revista "Condé Nast Traveler", dirigida ao turismo
de alto padrão, elegeu o Brasil como o país mais bonito do planeta. Sem
contar outro fator que pode ser considerado um atrativo turístico - a
hospitalidade e alegria do brasileiro. Como referendou a rede de
televisão CNN ao eleger o nosso povo como o mais cool do mundo.
Como
vimos, já temos o reconhecimento internacional. Falta, por incrível que
pareça, que o tema ocupe mais espaço na agenda política e econômica do
país e, assim, colocarmos em prática uma política de Estado para o
turismo, com continuidade, independentemente de quem serão os próximos
governantes em todas as esferas da República.
Neste
ano, esse exercício de olhar internamente para a gestão institucional
do turismo deve se intensificar, por conta do pleito de outubro. Ao
completar a volta de mais um ciclo de quatro anos, vemos mais uma
oportunidade de olharmos para uma atividade na qual o Brasil pode se
tornar uma potência mundial e promover o desenvolvimento econômico
sustentável. O pontapé inicial deve ser dado já nas campanhas
eleitorais, com a urgente inclusão do turismo na pauta central dos
planos de governo dos candidatos.
Os
números mundiais do setor atestam essa necessidade de priorização. A
contribuição direta do Turismo à economia foi de US$ 8,3 trilhões, 10,4%
do Produto Interno Bruto global e um total de 118 milhões de postos de
trabalho, entre diretos e indiretos.
O
potencial de gerar riqueza é tão significativo que nem as recentes
crises econômicas, intempéries ou questões como terrorismo afetam seu
crescimento. O número de chegadas internacionais no mundo cresceu 6,7%,
em 2017. São oito anos seguidos de alta no turismo mundial. Segundo a
OMT (Organização Mundial de Turismo), 1,32 bilhão de pessoas viajaram
entre duas fronteiras no último ano. Trata-se do mais amplo crescimento
desde 2010, quando o aumento foi de 4%.
No
Brasil, o turismo representa 7,2% do PIB (Produto Interno Bruto) e
estima a geração de 2 milhões de empregos nos próximos quatro anos. A
relação entre o avanço tecnológico,que dinamizou o processo de
comercialização viagens, e o mercado trabalho é alarmante, mas não afeta
o setor de turismo de forma eloquente. Um Estudo do Fórum Econômico
Mundial aponta que as revoluções tecnológicas podem ser responsáveis
pela extinção de 7 milhões de empregos até 2021. Todavia, segundo o
WTTC, nos últimos dez anos, 5 de cada 10 empregos gerados no mundo são
oriundos do turismo. Enquanto há escassez de empregos, o setor de
serviços cria novos postos de trabalho.
O
Turismo é uma indústria que gera empregos. Uma atividade com esse viés
não pode ser negligenciada. Logo no Brasil, um país vocacionado para o
turismo e que, segundo o IBGE, tem aproximadamente 13 milhões de
desempregados.
Aportes
na promoção internacional do Destino Brasil devem ser vistos como
investimentos que geram retorno rápido e não custos. Atrair mais
turistas estrangeiros será essencial para atenuar o rombo na balança
comercial do turismo. Em 2017, os turistas brasileiros gastaram US$ 19
bilhões nos destinos internacionais, enquanto os estrangeiros injetaram
na nossa economia apenas US$ 5,8 bilhões. Um déficit de US$ 13,2
bilhões.
Devemos
ter orgulho de nosso potencial, mas ter a visão clara de nossa
realidade para aproveitar a janela de oportunidades que se abre.O alento
é que temos muito trabalho pela frente e vivemos um momento propicio
para mudar o ponto de vista sobre a atividade.
Outros
países já se atentaram para essa realidade. Portugal, Espanha e, mais
recentemente, a Tailândia são bons exemplos. Nações que priorizaram o
setor e superaram gargalos, submergiram de crises e alçaram de patamar
por meio do turismo.
Atolado
em uma crise econômica profunda, Portugal se reergueu ao trabalhar
melhor a promoção de seus atrativos turísticos para o mundo. O turismo
foi a fonte da reinvenção do país ibérico. Sem desmerecer o nosso país
irmão, imagine o impacto positivo que este setor, se tratado como
prioridade, pode gerar no Brasil? Diante de tanto potencial natural e
cultural, além de termos o povo mais cordial do planeta. O turismo será a
ponte que fará a ligação definitiva entre o Brasil e o desenvolvimento
econômico.
A
comemoração do Dia Mundial do Turismo coincide com a realização de uma
das principais feiras do setor na América Latina - A ABAV Expo 2018, em
São Paulo. Lá é possível ver in loco a pujança e robustez desse
setor, já que o evento é do segmento das agências de viagens,
operadoras e consolidadoras que respondem pela movimentação de 80% das
vendas do mercado.
A
bola da vez é a indústria sem chaminés - o turismo. Com essa viável
proposta de mudança de patamar do turismo brasileiro no cenário político
e econômico, como um vetor estratégico, teremos cada vez mais motivos
para comemorar o Dia Mundial do Turismo no Brasil.
O artigo, assinado pela presidente da Embratur, Teté Bezerra, foi publicado originalmente na Folha de S.Paulo: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/09/o-destino-do-brasil-no-dia-mundial-do-turismo.shtml
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