BRASÍLIA — O ex-executivo da Odebrecht Luiz Eduardo Soares
disse, em delação premiada, que o senador José Serra (PSDB-SP) recebeu
propina no valor de 1,59 milhão de euros e R$ 6,25 milhões no período de
2006 a 2009. O dinheiro teria sido pago em contas no exterior em três
transferências.
A primeira delas teria sido em 2006, no valor de 753,9
mil euros, referente à linha 2 do metrô de São Paulo. A segunda teria
sido no ano seguinte, de 835,1 mil euros, pela construção do Rodoanel. A
última teria sido paga em 2009, também em euros, mas o delator disse
que só se lembrava da conversão do valor em reais, de R$ 6,25 milhões,
pela obra da ligação Dutra-Carvalho Pinto.
No depoimento,
Soares disse que o dinheiro foi todo pago por intermédio do lobista
Amaro Ramos e que, na planilha da Odebrecht, o beneficiário era
identificado como “vizinho” — o codinome de Serra na empreiteira. Os
dois primeiros pagamentos teriam sido feitos para uma empresa de Los
Angeles, nos Estados Unidos, de propriedade do lobista. Os depósitos
teriam sido feitos no Cornèr Bank, da Suíça. O último pagamento teria
sido feito a uma offshore, também em uma conta na Suíça.
—
Ele (Serra) era o beneficiário final. Foi pago em favor de “vizinho”.
Vizinho, no nosso sistema, era José Serra, porque ele era vizinho do
Pedro Novis (ex-presidente da Odebrehct) em São Paulo — contou o
delator.
Soares contou que, em 2011, foi procurado por
Amaro Ramos e ouviu dele que estava tento “um problema com o Ministério
Público da Suíça” para explicar os valores. A empresa do doleiro tinha
sido alvo de uma operação de busca e apreensão, e ele precisava que a
Odebrecht forjasse um contrato para justificar o repasse do dinheiro.
Segundo o delator, a situação foi logo resolvida.
Por
meio de sua assessoria, o senador disse que as afirmações do delator são
falsas. Lembrou que, em 2006, Serra não era governador de São Paulo. “A
obra do Rodoanel foi planejada, licitada e contratada antes de Serra
assumir o governo do estado de São Paulo”, diz a nota. A assessoria
também afirma que “a obra da ligação entre a Dutra e a Carvalho Pinto
foi concluída muito antes de Serra ser governador”.
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