Voluntários da organização não-governamental (ONG) Rio de Paz fizeram um ato, por volta das 8h desta sexta-feira (28), em solidariedade às famílias das 19 pessoas assassinadas em chacina que ocorreu no último dia 13 nas cidades de Osasco e Barueri, na Grande São Paulo. Os ativistas colocaram 19 sacos pretos com os nomes das vítimas sobre a calçada em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) para chamar a atenção de quem passava pelo local. Os voluntários também se vestiram de preto e se amordaçaram.
Esse é
o segundo ato promovido pela ONG que, na semana passada, fez manifestação
semelhante, no mesmo local. Cláudio Nishikawara, voluntário da Rio de Paz, que
coordena o ato, diz que o objetivo é alertar sobre o que acontece nas
periferias e com a população pobre. “Estamos cobrando das autoridades uma
elucidação rápida. Já são duas semanas e nós não sabemos nada sobre o que
aconteceu. Nada está claro”, declarou.
Segundo ele, outros eventos
serão organizados para cobrar a elucidação dos crimes. “A intenção é chamar a
atenção da sociedade paulistana, classe média, classe média alta, sobre o que
acontece na periferia, a violência a que as pessoas são submetidas. Acreditamos
que quem mais tem voz, visibilidade para cobrar as autoridades, é a classe
média”, diz ele.
A auxiliar de enfermagem Nair
Diniz, 50 anos, conta que a chacina em Barueri aconteceu na rua de sua casa.
Segundo ela, a vizinhança vive um clima de medo desde o ocorrido. “Eu não
conhecia as pessoas, mas o medo ronda. Eles avisam que é para entrar [em casa]
às 22 horas. Deixam avisado para ninguém sair, porque eles vão matar mesmo”,
disse.
A estudante de jornalismo, Ana
Beatriz Issler, 18 anos, parou para tirar fotos dos sacos pretros. “É uma
imagem horrível de se ver. É pesado porque a gente não tem muitas informações
sobre o que exatamente aconteceu nessa chacina. Dá um desanimo, mas é um bom
protesto”, disse.
Ontem, foi enterrada a 19ª
vítima do crime: a adolescente Letícia Vieira Hillebrand da Silva, de 15 anos.
Letícia estava na calçada, com uma amiga, na Rua Suzano, em Osasco, quando foi
atingida por um tiro.
Na última quarta-feira (26), a
Justiça Militar do estado de São Paulo decretou a prisão preventiva do soldado
Fabricio Emmanuel Eleutério, suspeito de ter participado da chacina. Ele foi
reconhecido pessoalmente por um sobrevivente. O soldado nega a participação.
Via: Notícias Terra.