O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ficou praticamente estável em 2014, ao variar 0,1% na comparação com 2013, na série com ajustes sazonais. Segundo divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a soma de todos os serviços e bens que o País produziu no último ano chegou a R$ 5,52 trilhões (valores correntes).
O resultado representa uma desaceleração intensa ante 2013, quando a economia cresceu 2,7%. Também é o pior resultado desde 2009, quando o PIB foi de -0,2%, em meio ao agravamento da crise mundial, com forte impacto recessivo vindo da Europa e dos Estados Unidos. Embora não houvesse consenso do mercado quanto ao resultado brasileiro, muitos analistas previam recuo, mas de maneira pouco assertiva devido à revisão recente na metodologia de cálculo. As
mudanças seguem as recomendações do Manual Internacional de Contas Nacionais (SNA 2008), da Comissão Europeia, do Fundo Monetário Internacional, da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Banco Mundial.
No comparativo trimestral , em 2014, a variação da atividade registrou alta de 0,6% no primeiro trimestre, recuo de 1,4% no segundo trimestre, alta de 0,2% (terceiro trimestre) e 0,3% (quarto trimestre).
Segundo os dados do IBGE, a estabilidade do PIB resultou da variação de 0,2% do valor adicionado a preços básicos e do recuo (-0,3%) nos impostos sobre produtos líquidos de subsídios. O resultado do valor adicionado neste tipo de comparação refletiu o desempenho das três atividades que o compõem: agropecuária (0,4%), indústria (-1,2%) e serviços (0,7%). O recuo dos impostos reflete, principalmente, a redução, em volume, do imposto de importação (-4,7%) e do IPI (-1,7%) – decorrentes, em grande parte, do desempenho negativo da indústria de transformação no ano.
Desempenho por setores:
Ano + 0,1%
Agropecuária + 0,4%
Indústria - 1,2%
Serviços + 0,7%
Investimento (FBCF) - 4,4%
Consumo das Famílias + 0,9%
Consumo do Governo + 1,3%
Sob a ótica da oferta, a agricultura registrou variação positiva decorrente do desempenho de várias culturas importantes, que registraram crescimento de produção, como a soja (5,8%) e a mandioca (8,8%), mas apontaram perda de produtividade. Algumas culturas tiveram variação negativa na estimativa de produção anual, como, por exemplo, cana-de-açúcar (-6,7%), milho (-2,2%), café (-7,3%) e laranja (-8,8%).
Na Indústria, destacou-se o crescimento da extrativa mineral, que avançou 8,7% no ano, influenciado tanto pelo aumento da extração de petróleo e gás natural quanto pelo crescimento da extração de minérios ferrosos. Já aconstrução civil e eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana caíram (-2,6%). O desempenho desta última foi influenciado pelo maior uso das termelétricas, sobretudo a partir do segundo trimestre do ano.
A indústria de transformação teve queda (-3,8%), influenciada pela redução do valor adicionado da indústria automotiva (incluindo peças e acessórios) e da fabricação de máquinas e equipamentos, aparelhos elétricos e produtos de metal. Esse resultado foi parcialmente contrabalançado pelo crescimento de outras atividades, com destaque para a indústria farmacêutica, a fabricação de produtos de limpeza e perfumaria e a fabricação de bebidas.
Dentre as atividades que compõem os serviços, o comércio sofreu queda (-1,8%). Os demais serviços acumularam crescimento no ano de 2014, com destaque para serviços de informação (4,6%), atividades imobiliárias (3,3%) e transporte, armazenagem e correio (2,0%). Administração, saúde e educação públicacresceu 0,5%, seguida por intermediação financeira e seguros (0,4%) e outros serviços (0,1%).
Já na ótica da demanda, houve recuo da formação bruta de capital fixo (-4,4%) foi o destaque. A redução é justificada, principalmente, pela queda da produção interna e da importação de bens de capital, sendo influenciada ainda pelo desempenho negativo da construção civil neste período. Em 2013, a formação bruta de capital fixo havia crescido 6,1%.
A despesa de consumo das famílias desacelerou em relação ao ano anterior (quando havia crescido 2,9%) e crescendo 0,9% em 2014. Se, por um lado, a massa salarial dos trabalhadores cresceu, em termos reais (descontada a inflação), 4,1% entre 2013 e 2014, por outro o crédito com recursos livres para as pessoas físicas deixou de crescer em termos reais. A despesa do consumo do governo cresceu 1,3%, mas desacelerou em relação a 2013 (2,2%).
No setor externo, tanto as exportações (-1,1%) quanto as importações (-1,0%) de bens e serviços tiveram queda. Entre as exportações, os destaques negativos foram a indústria automotiva (incluindo caminhões e ônibus) e embarcações e estruturas flutuantes. Por outro lado, produtos siderúrgicos, celulose e produtos de madeira apresentaram crescimento. Já nas importações, a queda foi puxada por máquinas e equipamentos e indústria automotiva (incluindo peças e acessórios). Apresentaram crescimento óleo diesel, tecidos e bebidas.
A taxa de investimento no ano de 2014 foi de 19,7% do PIB, abaixo do observado em 2013 (20,5%). A taxa de poupança foi de 15,8% em 2014, ante 17,0% em 2013.
Retrospectiva da variação do PIB no governo Dilma
2011 – alta de 3,9%
2012 – alta de 1,8%
2013 – alta de 2,7%
2014 – alta de 0,1%
Comparação do 4º trimestre com o 3º trimestre de 2014
Na comparação com o terceiro trimestre do ano, agropecuária (1,8%) e serviços (0,3%) cresceram, enquanto a Indústria ficou estável (-0,1%).
Nos serviços, o crescimento foi puxado por serviços de informação (1,4%), intermediação financeira e seguros(1,3%) e outros serviços (1,0%). Atividades imobiliárias (0,7%) e comércio (0,6%) também registraram expansão. Já as atividades de transporte, armazenagem e correio (0,0%) e administração, saúde e educação pública (-0,1%) mantiveram-se estáveis no período.
Dentre os subsetores que formam a Indústria, eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (1,8%) econstrução civil (0,9%) cresceram no período. A extrativa mineral (0,0%) manteve estabilidade em relação ao trimestre anterior. Já a indústria de transformação sofreu queda (-1,6%).
Pela ótica do gasto, a despesa de consumo das famílias cresceu 1,1% em relação ao trimestre anterior. Por outro lado, tanto a formação bruta de capital fixo (-0,4%) quanto a despesa de consumo do governo (-0,6%) recuaram. No setor externo, as exportações (-12,3%) e as importações (-5,5%) de bens e serviços caíram em relação ao terceiro trimestre.
Comparação com o 4º trimestre de 2013
Na comparação do quarto trimestre de 2014 com o mesmo período de 2013 Quando comparado a igual período do ano anterior, o PIB apresentou variação de -0,2% no quarto trimestre de 2014. Dentre as atividades econômicas, a Agropecuária teve expansão de 1,2% e a Indústria apresentou queda (-1,9%). Nesse contexto, a indústria de transformação foi o destaque negativo (-5,4%).
A construção civil e a Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana apresentaram redução no volume do valor adicionado (-2,3% e -5,9%, respectivamente). Já a extrativa mineral cresceu 9,7% em relação ao quarto trimestre de 2013.
O valor adicionado de Serviços cresceu 0,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior, com destaque para atividades imobiliárias (3,0%) e serviços de informação (1,9%). Também apresentaram resultado positivo as atividades de intermediação financeira e seguros (1,3%), outros serviços (1,1%) e transporte, armazenagem e correio (0,8%). Já no comércio (atacadista e varejista), houve queda (-2,9%). A atividade deadministração, saúde e educação pública manteve-se praticamente estável, com variação de -0,1%.
Dentre os componentes da demanda interna, a formação bruta de capital fixo recuou (-5,8%). A despesa de consumo das famílias cresceu 1,3%, enquanto que a despesa de consumo do governo variou em -0,2%. Já no setor externo, as exportações (-10,7%) e as importações (-4,4%) de bens e serviços apresentaram queda.
Fonte: Economia IG.